quarta-feira, 23 de abril de 2025

O Desafio do Armeiro (Traduzido do original de Ted Peterson)

 [Escolhi não traduzir nomes próprios salvo em raras exceções, a maioria destas quando aqueles são derivados de nomes latinos e convencionalmente correspondentes ao português brasileiro; ex: Mymophonus torna-se Mimófono. Em lógica de acordo, nomes com alta recorrência ou importância no desenvolvimento das estórias de Nirn, como os nomes de imperadores ou figuras cirodilicas de etimologias latinas, como Pelagius ou Tiber, não serão traduzidos; seria de mau tom ter um Pelágio Septim mas não um Tibério Septim, sendo Tiber grafia icônica e facilmente reconhecida. E como se tornaria Reman em Remano?]

 

O Desafio do Armeiro

de Mimófono


TREZENTOS anos atrás, quando Katariah tornou-se Imperatriz, a primeira e única Dunmer a governar toda Tamriel, ela enfrentou a oposição do Conselho Imperial. Mesmo depois de convencê-los de que ela seria a melhor regente para liderar o Império enquanto seu marido Pelagius buscava tratamento para sua insanidade, ainda havia conflito. Em particular do Duque de Vengheto, Thane Minglumire, que tomou para si um deleite pessoal em expor toda a falta de conhecimento prático da Imperatriz.

Neste caso em específico, Katariah e o Conselho estavam a discutir a agitação em Black Marsh e o massacre de tropas Imperiais nas redondezas da aldeia de Armanias. O pântano encharcado e o clima sufocante, especialmente durante o verão, colocaria as tropas em perigo caso vestissem sua armadura habitual.

“Eu conheço um armeiro muito hábil”, disse Katariah, “O nome dele é Hazadir, um Argoniano que conhece o ambiente que nosso exército enfrentará. Eu o conheci em Vivec, onde era escravo do mestre armeiro, antes de mudar-se para a Cidade Imperial como um homem livre. Deveríamos tê-lo para projetar armas e armaduras para a campanha”.

Minglumire deu uma risada curta e estridente: “Ela quer que um escravo projete a armadura e o arsenal para nossas tropas! Sirollus Saccus é o melhor armeiro na Cidade Imperial. Todo o mundo sabe disso”.

Após muito debate, foi finalmente decidido que ambos os armeiros disputariam pela demanda. O Conselho também elegeu dois campeões de poderio e proeza semelhantes, Nandor Beraid e Raphalas Eul, para combaterem-se utilizando as armas e armamentos dos verdadeiros competidores daquela luta. Qualquer campeão que vencesse, seria o armeiro responsável por aparatá-lo o vencedor da demanda Imperial. Foi decidido que Beraid seria equipado por Hazadir, e Eul por Saccus.


A luta fora marcada para acontecer em sete dias.


Sirollus Saccus começou a trabalhar imediatamente. Ele teria preferido ter mais tempo, mas reconheceu a natureza do teste. A situação em Armanias era urgente. O Império tinha de selecionar seu armeiro rapidamente, e desde que selecionado, o armeiro preferido tinha de agir com rapidez e produzir as melhores armas e armaduras para o exército Imperial em Black Marsh. Não era somente pelo melhor armeiro que procuravam. Era pelo mais eficiente.

Saccus havia apenas começado a esquentar as tiras de meia polegada de carvalho preto virgem para dobrar em faixas os rebordos das juntas da armadura quando houve uma batida em sua porta. Seu assistente Phandius introduziu imediatamente o visitante. Era um reptiliano alto de traços comuns, um capuz com detalhes verdes embotado, olhos negros brilhantes, capa marrom amarrotada. Era Hazadir, o armeiro preferido de Katariah.

“Eu vim porque queria te desejar boa sorte na - isto por acaso é ébano?”
De fato era. Saccus havia comprado a melhor leva de ébano disponível na Cidade Imperial assim que ouvira falar da competição e já havia começado o processo de fundi-la. Normalmente, refinar o minério era um procedimento semestral, mas ele esperava que um enorme forno com ventilador atiçado com chamas brancas nascidas de magicka pudesse encurtar a operação para três dias. Saccus apontou orgulhosamente os outros avanços em sua armoraria: as piscinas ácidas de cal para afiar a lâmina da dai-katana para níveis inimagináveis de afiação;  a forja e as pinças Akaviri que ele usaria para dobrar o ébano para frente e para trás sobre si mesmo. Hazadir riu-se.

“Você já esteve na minha armoraria? São duas salinhas cheias de fumaça. A parte da frente é a loja. Os fundos são só armaduras quebradas, alguns martelos e uma forja. É isso. Essa é a sua competição para as milhões de peças de ouro da comissão Imperial”.

“Eu tenho certeza de que a Imperatriz tem alguma razão para confiá-lo a aparatar as tropas,” disse Sirollus Saccus, gentilmente. Ele tinha de fato visto a loja e sabia que Hazadir falava a verdade. Era uma oficina patética nos subúrbios, adequada apenas para que os mais modestos aventureiros tivessem suas adagas de ferro e couraças reparadas. Saccus havia decidido entregar a melhor qualidade independente da inferioridade de seu rival. Era o seu medo e exatamente como havia se tornado o melhor armeiro da Cidade Imperial.

Por gentileza, e mais do que um pouco de orgulho, Saccus mostrou a Hazadir como, em contraste, as coisas deveriam ser feitas em uma armoraria profissional de verdade. O Argoniano agiu como aprendiz de Saccus, ajudando-o a refinar o minério de ébano, e a bater e dobrá-lo quando esfriou. Ao longo dos dias que se seguiram, eles trabalharam juntos para criar uma bela dai-katana com uma lâmina afiada o suficiente para aparar as sobrancelhas de um mosquito, encantada com chamas ao longo de seu comprimento por um dos Magos de Batalha Imperiais, assim como um uniforme de madeira encadernada, couro, prata e ébano capaz de resistir aos ventos de Oblivion.

No dia da batalha, Saccus, Hazadir e Phandius terminaram de polir a armadura e trouxeram Raphalas Eul para prová-la. Hazadir só então foi embora, ao perceber que em breve Nandor Beraid estaria em sua loja para ser aparatado.
Os dois guerreiros encontraram-se antes da Imperatriz e do Conselho Imperial na arena, esta que havia sido levemente inundada para simular as condições pantanosas de Black Marsh. Do momento em que Saccus viu Eul em seu uniforme de ébano pesado e a ardente dai-katana, e Beraid em sua junção de escamas de lagarto enferrujadas e empoeiradas com uma lança da loja de Hazadir, ele sabia quem venceria. E ele estava certo.
O primeiro golpe da dai-katana se alojou no escudo mole de Beraid, não havendo acabamento metálico que pudesse desviá-la. Antes que Eul pudesse puxar sua espada, Beraid livrou-se do então chamuscado escudo, ainda preso na arma, e cutucou entre as juntas da armadura de ébano com sua lança. Eul finalmente arrancou a lâmina do escudo arruinado e golpeou Beraid, mas sua armadura leve era escamada e angulosa, e assim os ataques deslizaram para a água, extinguindo as chamas da dai-katana. Quando Beraid atingiu os pés de Eul, este caiu no lamaçal alagado e ficou incapaz de mover-se. A Imperatriz, por misericórdia, proclamou um vencedor.

Hazadir recebeu a comissão, e graças ao seu conhecimento das táticas de batalha Argonianas, suas armas e como melhor combatê-las, desenvolveu instrumentos de guerra que derrubaram a insurreição em Armanias. Katariah ganhou o respeito do Conselho, e ainda, a contragosto, de Thane Minglumire. Sirollus Saccus foi à Morrowind para aprender o que Hazadir havia aprendido ali, e nunca mais se ouviu falar dele.


O Desafio do Armeiro (Traduzido do original de Ted Peterson)

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